Lago

Uma delgada sobrancelha se arqueia enquanto ela observa a cena, erguendo o queixo, movendo as mãos as apoiando-as na curvatura da cintura, visivelmente surpresa e indignada Perdendo a linha do pensamento por alguns segundos e se recompôs passando a mão pelos longos fios prateados que caiam em cascatas em torno à cintura, ora finalmente Noah haveria a reconhecido, depois do susto, que o ajudara claro.

Lyra se espreguiçou manhosa, e deitou no chão novamente, os cabelos da moça agora estavam no mesmo tom castanho usual e haveriam parado de se mexer, obviamente a deixando mais normal se é que esse adjetivo pode ser atribuído por simples vontade a ela.
Não conseguiu proferir nenhuma palavra se quer ao garoto e permaneceu calada. A idéia de tentar ser mais educada com o garoto pelo simples fato de ele ter a reconhecido, sem dúvida alguma, falhara. Noah havia de uma forma estranha a ajudado no passado, a ajudado a perceber que se retrair ou descontar nos outros não faria as feridas se fecharem sozinhas, mas ele não precisava saber disso e ela já poderia voltar ao normal e lhe dar as costumeiras patadas. Mas ao invés disso, continuou educada, calma e claro, estranha. O fato é que ele não aparentava ter raiva. Se era verdade ou não, só a Deusa para saber. De qualquer modo, ela voltaria a infernizar aquele menino em breve – ou não. Se ele estava simulando ao ser normal com ela, ela não sabia dizer.

Afinal deixaram de ser mesquinha e egoísta há um tempo atrás, ela realmente percebeu que por mais que sofresse teria de continuar e não ficar parada se lamentando, isso não faria os erros se consertarem, as feridas desaparecerem e ressuscitar os mortos, ou até tornar as pessoas melhores. A feridas estavam fechadas, mas ainda havia as marcas que ela nunca iria se permitir esquecer.

Por fim suspirou, tirando a embalagem à bala, a empurrando sob a língua. Sussurrando timidamente um obrigado a loira.

Lyra arqueou a sobrancelha, visivelmente surpresa. A tempo de acompanhar o movimento do outro a se jogar no lago, provavelmente não era muito prudente, e continuava a fazer loucuras, afinal ele tinha que ir pelo caminho mais difícil?
A garota se levantou com um pulo enquanto observava as águas do lago se agitando pela invasão de Noah, os cabelos consecutivamente ganharam o tom prateado e se alongaram claro ela seria útil caso o menino se afogasse.

- Hum... Seria mais fácil ir ao refeitório, aliais quem aqui sabe cozinhar? – murmurou revirando as orbes azuis.

A pergunta lhe soava estranha, obviamente não haveria pelo menos alguém que soubesse assar um peixe, ou fritar ela não sabia a diferença. Mais uma vez ela riu. Sentindo o frio das sombras das árvores projetavam em seus ombros, fungando um pouco, aspirando ao odor de folha de carvalho, o que marcava as florestas geralmente, ela observou as roubas as batendo tirando um pouco da grama.

Os cabelos Prateados se moveram solenemente, especulando sob a ida do garoto ao lago, provavelmente não estava em seus melhores dias, haveria talvez esquecido de tomar seus costumeiros remédios? Por um segundo Lyra cogitou a idéia de entrar no lago junto com o garoto, porém decidira não entrar, provavelmente a loira pensaria que era uma maluca psicopata. Por fim chegou à conclusão que seria mais fácil Noah subir em alguma árvore pegar algum fruto, ou até mesmo ela própria.
Mas como sempre ele preferia ser o que dava trabalho, como uma criança, mais na verdade algo deveria ter mudado dentro dele, afinal fora marcado por alguma razão. Lyra mais do que ninguém sabia como era difícil lidar com as coisas, mas fugir delas era a pior das opções, se fosse ou não o caso de Noah, ela o ajudaria de qualquer forma, o ajudaria pelo passado odioso que tivera ao infernizar a vida do garoto, e ajudaria ele a se tornar um homem e talvez, talvez ele pudesse a chamar de amiga um dia.

Lyra fechou os olhos com força lembrando-se vagamente da sua infeliz infância, ter se separado bruscamente da mãe que se drogava.Indo parar em um orfanato até ter sido adotada por um casal de milionários, por algum motivo nunca ter aceitado a repentina mudança, tudo poderia ter sido diferente...
Abriu os olhos imediatamente naquele momento, com o coração batendo aceleradamente, pulsando em seus ouvidos e a respiração rápida, fazendo com o que seu peito subisse e descesse de uma maneira incrível.

A voz abatida do garoto soou em seus ouvidos a fazendo tremer instintivamente, propagam-no com sangue jorrando no rosto, por algum motivo o sangue e dor não a assustava nem um pouco, imediatamente saltou um grito agudo.

Em menos de um segundo Lyra alcançou Noah estirado no chão, de alguma forma só poderia acabar assim. Sem pensar puxou a blusa de coloração azul do corpo, por sorte estava com outra blusa, mais fina, de coloração branca.
Delicadamente a menina puxou a cabeça do outro para o seu colo enquanto passava a blusa sob o sangue, o limpando e mantendo-se de certa forma uma calma, antes desconhecida. Claro, tinha um medo desconhecido de perder as pessoas, as perder seja pro cansaço ou para a morte, a palavra perder a assustava mais que qualquer coisa, mas ela nunca o demonstraria afinal tinha um pouco de orgulho morto ali dentro.

- Hum, Isabelle, pode chamar alguém para ajudar, acho que não conseguiríamos carregá-lo sozinhas... – murmurou em um tom falsamente controlado, porque diabos Noah tinha de ser tão imprevisível?

Reprimiu um soluço e secou as lágrimas rapidamente enquanto os olhos azuis observavam o garoto, idiota, só poderia ser. Pescar? Ela deveria simplesmente ter impedido de realizar seus atos estúpidos de sempre, deveria ter imaginado que não haveria amadurecido por dentro como tinha ocorrido por fora.