:: Starbucks ::

Sorri para a garota. Ela conseguiu perceber que algo estava me incomodando, mas não iria dizer para ela o que era, pelo menos não agora. Acho que isso estragaria as únicas chances de fazer algum tipo de amizade com ela. Esvazio o copo, e mando o rapaz encher novamente.

Também, e pelo fato que conheço quase todos por aqui... Eu tomava todos os finais de semana com meu pai, parece que o hábito não muda...

Forçando um sorriso, tentando fazer com que não estivesse sentindo uma alfinetava no coração, falando desse assunto. Logo me recupero e volto ao meu normal. As pessoas ainda me encaravam ao meu redor, mas agora eu não parecia ligar mais para isso, não queria que ela soubesse quem eu era por enquanto, então resolvo tentar manter a conversa com ela, ver aonde vai.

Dyson olhava sorridente para Mary, e estranha ela oferecer uma bebida com álcool para ele, isso nunca tinha acontecido antes... Ele bebe mais o chocolate, e suspira.

Claro, eu aceito. Pode trazer.

Ele termina de tomar seu chocolate, para poder beber algo com a garota. Quando ela faz uma pergunta para ele sobre seu pai, Dyson fica inquieto, e desconfortável. Ele realmente não gostava daquele assunto. Seu olhar ficou vazio por um instante, e logo ele volta, para responder a garota.

Bem... Para falar a verdade, eu não sei exatamente como aquilo é chamado...

Ele toma um gole da bebida, e tenta se ajeitar na cadeira. Aquilo lhe trazia lembranças do momento que seu pai fôra atacado. Logo suas lembranças voltam para o que sua mãe lhe contou. Ainda estava difícil de dizer sobre aquilo, ele não tinha mais certeza. Naquele momento, parecia que sua cabeça iria explodir.

Mary havia percebido que ele estava incomodado, então logo eu tento me reerguer, evitando mostrar isso de novo.

Nada não... É só que... Meio difícil para mim...

Dyson bebe um gole da bebida, e volta a falar com ela. Todos estranhavam porque ela ainda estava falando com ele, e Mary percebia que todos estavam olhando, só não sabia o motivo. Ele estava tentando evitar dizer o motivo sobre esses olhares, e a morte de seu pai.

Você veio de onde? O que te traz a nossa cidade?

Ele tenta rapidamente retornar um assunto, algo que quebrasse aquele clima ruim e triste. Ele recuperou a noção e tentou evitar que tivesse uma recaída novamente. Bebendo mais um gole, se virou para totalmente para ela, como se quisesse ouvir cada palavra que sairia de sua boca.

O garoto não compreendeu o que Mary dizia. HON? Morada? Será que era o que sua mãe havia lhe contado? Então essa garota também fazia parte de.... Não, não podia ser isso.

HON? Morada? Do que está falando Mary? E o que houve para te fazer fugir?

A dúvida e a curiosidade dominava sua mente agora. Ele lembrou do que sua mãe vivia lhe alertando, e que tentava manipular sua mente contra isso. Dyson não gostava do que sua mãe fazia, ele queria seguir o caminho de seu pai, mas agora com essa garota... Agora ele entendia o que havia de estranho nela.

Pode me explicar?

Agora, um pouco agitado e nervoso, Dyson tentava compreender a menina, que parecia não se importar com o que dizia. Ela conseguiu, de alguma forma, desperta o interesse do garoto, prendendo toda sua atenção, e fazendo-o evitar todos no local, mas seu rosto trazia preocupação.

Estranho. Era o que passava em sua mente. O que ele deveria fazer agora? Sua mãe certamente mandaria ele aproveitar e... Não! Ele não queria ser igual a ela, ele decidiu que iria seguir o caminho de seu pai. Ele acredita que nem todos os vampiros eram ruins, e até agora aquela não demonstrava nada ruim.

Acredito sim... Mas... Até agora não tive nenhum bom momento com vocês...

Ouvir a história de Mary bem resumida, não foi tão difícil, mas aquela marca me dava certeza de quem ela era. Vampira azul... Fazia sentido o seu jeito de ser.

Família Adams? - Diz rindo dela - Você não se parece com o que me contaram...

Dyson não tinha bons exemplos de vampiros, e o único ou única que viu de perto, foi o que havia assassinado seu pai. Um rancor pela raça ele tinha, mas conseguiu amenizar o mesmo. Não iria descontar nos vampiros inocentes, apenas um era o alvo, e ele iria matá-lo, assim que tivesse a chance. Um fogo abriu em seus olhos nesse momento, um sorriso maléfico acompanhou o mesmo. Pensar na vingança de seu pai lhe trazia força, mas também muito ódio.

Mary estava começando e descobrir cada vez mais sobre o passado que Dyson não se orgulhava. Sobre o momento que mudou sua vida, não para melhor. Logo ela iria entender porque todos estava estranhando eles dois ali, converçando.

Sabe que eu não sei? Mas segundo minha mãe...

O rosto do garoto ficou forçado, como se estivesse preocupado, e pensativo ao mesmo tempo. Ele não queria seguir o caminho de sua mãe, mas também não entendia direito o que seu pai fazia. Ele estava em dúvida.

Medo? Não há nada que eu tenha medo, desde aquele dia. - Diz com um rosto sério - Histórias... São mais que histórias... Podemos dizer que minha mãe não é fã de vocês... Muito menos a sua família.

Dyson tinha olhos pensativos, que olhavam para baixo, como se procurasse algo em sua mente. Então ele levantou o rosto, e examinou o rosto sorridente da garota. Tão jovem... Mas será que era tão jovem quanto aparentava? Quais segredos ela guardava? Ele pensava que ela não podia ser humana, para falar com ele, e agora tinha certeza. Mas de alguma forma, os seus olhos lhe traziam conforto. Porque isso? O que tinha nela que lhe deixava tão a vontade?

Dyson observava Mary tentar fazê-lo sorrir desesperadamente, mas não estava fazendo direito. O garoto estava sério. O assunto não lhe era favorável para sorrisos, apenas para tristeza e o deixava muito sério.

Ela sabe mesmo... Minha família não brinca sobre esse assunto, principalmente a materna...

Seus olhos estava repletos de angústia, medo e preocupação. Sua mente o fez voltar, lembrando que aquela garota estava ali, na sua frente, esperando ele falar algo.

Desculpe... É que esse assunto realmente... Você sabe. - Diz com um rosto triste - Bem, até que ser um super-homem seria muito legal... - Diz forçando um sorriso

Dyson conseguiu fazer uma piada, facilitando que ele abrisse um sorriso. Não era um grande sorriso, mas podia ser um começo. O garoto voltou a examinar ela, sem saber o motivo. Algo estava lhe chamando a atenção nela, e ele não sabia o que era, será o motivo de ser uma vampira?

Não tenho nada contra vocês, apenas com um...

Ao dizer isso, ele abriu um sorriso maléfico, que pareceu ter assombrado algumas pessoas. Se curvando pra frente, olhando ela nos olhos, sem querer deixa escapar.

Nossa... Você é tão... - Ele se interrompe, percebendo que falou muito alto - Quero dizer... Er...

Sentindo o seu rosto corar, ele esconde a cara, envergonhado com o que ele, quase falara.

Com os olhos fechados, sente Mary se afastando dele. Ele olha a garota sorrindo para ele, e seu rosto começa a ficar vermelho, cada vez mais.

Nossa...

Ele estava sem palavras, e sem reação. Ele ouviu comentários vindo de outras pessoas que se encontravam no local, mas ele ignorou. Ele tomou o resto de sua bebida, e tomou coragem para falar algo.

Por essa eu não esperava... Você é tão... Linda - Diz passando a mão em seus cabelos.

Ele se aproxima dela, olhando ela dentro de seus olhos. Ela podia estar morta, mas deixou ele mais vivo. A muito tempo ele não se sentia assim, tão vivo. Ele esqueceu de tudo que estava acontecendo, e de todos observando, afinal, ele não queria se importar com aquilo. El se aproximou dela, deixando seus lábios próximos e falou.

Você é diferente de todas as meninas que já conheci, não sei se é pelo fato de estar morta... Mas gosto disso.

Ele devolve o selinho de Mary, e sobe para sua orelha, lhe dando uma pequena mordida. Ele desce até sua boca, e deixa seus narizes encostados.

Sabe... Faz tempo que não me sinto assim...

Apesar de tentar aproveitar o momento, Dyson logo volta para a realidade. No local, parecia que todos estavam vendo um milagre, pois não acreditavam no que via. Aquele que todos temiam ficar por perto agora estava ganhando um selinho. Ele voltou ao seu lugar, e se perguntou o que estava fazendo. Olhou para Mary, sem saber o que falar.

Desculpe... Não devia ter feito isso.

O garoto abaixa os olhos, e volta a ficar pensativo. Seus olhos agora ficavam vazios novamente, mas pelo menos, estava feliz. Ele só queria pelo menos uma amizade, e por esse caminho, ele nunca conseguiu. Ele via algo em Mary que dizia para não estragar com isso, enquanto sabe que pode dar certo. Ele não tinha amigos a muito tempo, e não lembrava mais como era as relações sociais.Dyson examina o local, como se estivesse com um sentimento de culpa, por ter feito algo errado.

Vampira ou não, eu ainda descubro porque estou tanto a vontade com você Mary... Mas não sei se pode fazer isso, não há regras?

Dyson logo percebeu a besteira que ele fez. Ele acabou fazendo o que ele não queria. Ele se levantou, e segurou suas mão.

Não era isso que queria dizer... Olhe bem, eu fui afastado, depois da morte de meu pai, e você foi a única a vir falar comigo...

Ele olha novamente, nos olhos da garota, meio arrependido do que fez, mas era o certo. Ele sabia que ela não gostava assim dele, e não iria fazer isso, sabendo que não era verdade, afinal, ainda era uma pessoa honesta, e justa. Ele abraçou ela, sabendo que não importa o que fizesse, ela iria embora do mesmo jeito.

Sei que não... Mas veja bem, todos esses... Eles me conheciam, e se afastaram de mim, porque agora me temem... Sou meio problemático.

Sentando novamente, paga a conta, por ele e ela. Era o mínimo que podia fazer depois disso. Ele agora estava totalmente acabado, tinha dado tudo errado entre eles, e tinha certeza que ela não voltaria a vê-lo por isso. Afinal, ninguém voltava.

Bem, acho que independente do que eu disser, já está tudo feito, e você não vai me perdoar por isso...

Ele vira o rosto para o nada, evitando contato visual com ela, não querendo mostrar o quanto estava triste com isso. Por um momento, depois de tanto tempo, ele estava feliz, e agora... Ele havia estragado tudo... De novo.

Ao olhar a reação da garota, Dyson fica aliviado, e abre um sorriso, também um de seus mais sinceros. Ele não queria perder uma amizade, ainda mais nova, depois de tanto tempo sem ninguém alem de sua família. Mas ele não sabia o que sua mãe ia achar disso, afinal, ela odiava vampiros.

Fico feliz em saber que não estou sozinho, e alguém me compreende. Você sabe que não quero te magoar, muito menos te iludir... Ou acho que sabe. Não sou disso.

Ele colocou a mão em sua bochecha, e acariciou ela, tirando uma mecha de de cabelos que caia sobre seus olhos. Dyson examinou a marca, como se algo nela a incomodasse. Mas logo votou a sí, e pensou, quanto tempo mais essa garota iria aguentar ele, talvez não muito.

Tudo bem... Eu sei que você quer ir embora... Não vou te forçar a nada... Mas se realmente me perdoa, venha me visitar...

Abrindo um sorriso em seu rosto, ele mostrou a ela seu lado feliz, demonstrando que não era sempre sério, e que era sim uma pessoa legal e feliz, as vezes. Ele se levantou, e olhou para ela. Não seria novidade se deixassem ele sozinho. Já tinha batido o record de tempo com alguém, e sem brigas!

Não quero te expulsar, mas gostei de te conhecer Mary... Talvez da próxima de certo entre agente.

Dyson deu uma boa gargalhada, coisa que lhe pareceu ser muito prazeroso. De fato, a muito não gargalhava, e esqueceu quanto podia ser gostosa a sensação. Então com um grande sorriso, olhou Mary nos olhos.

Ele se despede de Mary, acenando de volta. Ele se levanta, e caminha em direção a porta, pretendendo sair. O tempo havia passado muito rápido, ele não tinha percebido passar. Realmente, quando se divertem, o tempo passa mais rápido. Infelizmente, ele sabia que ainda estavam comentando sobre ele e Mary, e provavelmente, não era algo bom. Ele continuou andando, até sair do local. Sua mãe estava do lado de fora, esperando ele, com um olhar zangado para ele. Algo lhe dizia que ela sabia o que tinha acontecido, e não estava feliz com isso. Se aproximando dela, sua mãe suspira, e lhe dá um abraço forte, como se estivesse procurando ele por dias.

Dyson... Quando chegarmos em casa teremos uma séria conversa...

Revirando os olhos, Dyson entra no carro, mas sem se importar muito com o que sua mãe dizia, pois, ele agora tinha conseguido uma amiga, mesmo que não seja humana.